QUANTO VALE OU É POR QUILO?
“A bondade é o melhor status que o ser humano pode comprar“
“Doar é um instrumento de poder”
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Século XVIII - Modelo Escravagista; 3. Tempos Atuais – Modelo Neoliberal; 4. Considerações Finais; 5. Referências.
1. INTRODUÇÃO
O filme QUANTO VALE OU É POR QUILO? está dividido em várias histórias e tem uma narrativa entrecortada, no entanto faz uma costura entre os recortes temporais de duas épocas aparentemente distintas. É traçado um paralelo entre o modelo escravagista da época do Brasil império com o atual modelo neoliberal fazendo uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, com a repetição de alguns atores em situações também análogas.
As histórias principais são cortadas por pequenos relatos ambientados no período da escravidão. Algumas das cenas revelam as mazelas e contradições de um país em crise de valores. A realidade é retratada de forma fiel e crua, revelando como são tantas as disparidades.
O filme é chocante ao ponto de até nos causar agonia, assim como também nos dá uma sensação de constrangimento de vivermos cotidianamente próximo a esses fatos existentes e tão reais.
O filme é transcendental pela forma que conscientiza de quantas e quantas vezes nossas mentes e consciências estão anestesiadas e ainda acreditam e vêem um mundo mágico recheado de slogans em prol da solidariedade e da responsabilidade social.
O filme é também atraente por desnudar de forma surpreende ao espectador as desigualdades, os direitos e o capitalismo atual e ao mesmo tempo causar efeito pelas provocações que faz a sociedade.
O filme incomoda e desassossega pela acidez e agressividade demasiada impactantes. No entanto, é de fundamental importância para os que desejam seriamente refletir sobre: a dinâmica político-socioeconômica, a forma como os processos de globalização afetam o crime, a manutenção das corrupções impunes, as enormes diferenças sociais tão perturbadoras, a violência incessante e perversa do nosso país, além hipocrisia que trilha o caminho dessa sociedade brasileira ao longo da história.
2. SÉCULO XVIII: MODELO ESCRAVAGISTA
Logo no começo vemos os maus tratos que os escravos negros recebiam no século XIX. Os “métodos correcionais” eram aplicados para se garantir a honestidade e sobriedade, pois perdiam o vício de beber e consequentemente o instinto para roubar, ou como método preventivo contra as fugas dando para os reincidentes uma estimulação a humildade e a subserviência. Era como se fosse natural torturar os seres humanos, como se houvesse uma justificativa aceitável para aquilo.
As histórias são reais da vida cotidiana do Brasil extraídas de documentos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, envolvendo os desmandos e abusos que marcavam as relações entre senhores e escravos, por volta de 1790, não mostrando nem glórias, nem heróis, mas personagens que não desapareceram: o “sobrevivente”, o “bem-feitor”, o “capataz”, e os cenários da escravidão explícita.
O comércio de escravos estava em expansão do varejo ao atacado, como podemos ver em vários episódios situados no século XVIII. Os capitães do mato, por exemplo, caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro.
Se tivéssemos a informação correta, moral e ética, diríamos que o escravismo foi um regime criminoso contra a humanidade, de leis e fatos, imorais, antiéticos, condenáveis em qualquer sociedade que fizesse bom juízo dos fatos.
Os documentos chocam porque na verdade não revelam situações fictícias, mas situações descritas em documentos oficiais, dissecando a gênese de uma identidade nacional.
Muitos roubaram e mataram, viveram na continuidade dos benefícios do roubo, outros descobriam os benefícios da Lei Penal do Vice Reinado que condenava tudo que perturbava a paz social.
Muitos outros descobriram que as ações de generosidades também é uma forma de encontrar oportunidades de investimentos que geram bons lucros, como é visto nas cenas, pequenos negócios que se faziam com escravos que desejavam sua alforria pois pela solidariedade em nome da amizade e alguns lucros ajudava-se a obtenção da tão sonhada liberdade.
2. TEMPOS ATUAIS: MODELO NEOLIBERAL
Nesse modelo atual a economia é globalizada, marcado por um mundo contemporâneo muito complexo e em contínua expansão, onde o que vale são os lucros, sejam eles provenientes de atividades econômicas, sociais, políticos ou de fontes duvidosas.
Existia a noção de que o mercado seria capaz de equacionar sozinho o problema do desenvolvimento das nações democráticas e capitalista, o qual transformaria tudo em produto, inclusive os gestos humanitários como a solidariedade e a caridade. No entanto, os discursos de transformação e de combate à desigualdade em prol do “combate à pobreza” esta em declínio. O povo esta aprisionado a uma democracia lúdica, uma vez que o capitalismo selvagem faz com que o mercado exclua, elimine e descarte.
Assim como no modelo escravista a violência atual toma proporções cada vez maiores e as desigualdades sociais permanecem altas, não só nos indicadores socioeconômicos, como também na forma como o mercado de trabalho funciona.
Embora as ONGs sejam o centro da história do filme, no entanto outras instituições dessa tal democracia burguesa são abordadas e percebidas, como por exemplo: o sistema carcerário brasileiro, os presídios superlotados, inclusive sendo comparados aos navios negreiros, mostrando também a sociedade constantemente recorrendo ao direito penal como forma de prevenção e proteção de determinados bens jurídicos.
No tempo do império os escravos eram propriedade, um objeto que custava para seu dono apenas a saúde e alimentação em troca do trabalho grátis, e atualmente são “escravos sem donos” que dentro das penitenciarias não fazem nada, a não ser se especializar em novas práticas criminosas. Os detentos sofrem porque não existe efetividade da lei das execuções penais nem na garantia dos direitos tampouco na inclusão social do apenado, no entanto o seu custo (na época do filme 700,00) hoje esta na média de 1.100 reais.
A criminalidade também exerce uma função social, a qual em expansão produz emprego direito e indireto, funcionando como agente aquecedor da economia do município, do estado e do país.
Além disso, influencia na Construção civil privada e na própria construção de presídios, já que é um investimento rentável porque o preço a mão de obra dos pacatos presos do semi-aberto é mais barato para se contratar, além de estar participando da reinclusão social da massa carcerária.
Os pistoleiros ou matadores de aluguéis são os capitães do mato neoliberais que fazem o serviço sujo, no entanto, hoje atuam de uma forma evoluída não usam cordas, usam balas, não precisam mais trazer o escravinho do sistema para entregar o seu senhor. Simplesmente deixa(m) o(s) “eliminado(s)” ou o(s) “chacinado(s)”, os quais geralmente são jovens das favelas e de menor poder aquisitivo, atirado (s) no chão, jogado (s) no meio da rua.
O cenário é de guerra, é exigido articulação, estratégias, adequação aos perfil exigidos, avaliações do custo e benefícios tanto dos “ongueiros”, como das associações, mas também do bandido.
Contudo, nessa sociedade democrática e neoliberal as palavras “livre iniciativa”, “captação de recurso”, “distribuição de renda”, “marketing”, “business”, “investimentos” também são usadas pelo submundo do crime, já que as opções são: continuar na miséria ou tentar ultrapassar a ponte sobre o abismo social.
Os excluídos socialmente criam uma de visão de mundo, ao observarem o padrão de vida dos mais favorecidos, sejam nas revistas ou nos bairros dignos. Acreditam que “a liberdade de consumir é a única e a verdadeira funcionabilidade da democracia”.
Assim, como para jovem o Candinho do filme que está desempregado e com a mulher grávida, tem que se virar para sobreviver. Sem qualificação profissional diante de um mercado de trabalho tão exigente, onde até para dar comida a mendigo é necessário ser bilíngüe, a saída é encontrar uma oportunidade de um trabalho "autônomo e rentável" para sustentar a família. O rapaz então se transforma em um "caçador de bandidos", serviço terceirizado onde não é necessário diplomas ou títulos ou qualificação, apenas coragem.
Desse modo o filme em uma comparação impactante e com demasiado cinismo estabelecer semelhanças entre os seqüestros e os métodos de “captação de recursos” e “redistribuição de renda” praticada pelas ONGs. Como é mostrado na fala do personagem do bandido bem-articulado; e também no momento em que um dos ricos donos de uma ONG corrupta, que fora seqüestrado é torturado. É alegado que o seqüestro é como uma forma de captação de recursos e também distribuição de renda, onde se usa o dinheiro do resgate também como um modo de repartir o dinheiro com a comunidade. Sendo como uma conseqüência, uma que a(s) ONG (s) não fazem os investimentos e empreendimentos comunitários que deveria fazer. Ou seja, praticam crimes no uso de atitudes drásticas, já que vêem que “o desespero faz as coisas andarem mais rápidas”
Os “escravos sem dono” são os excluídos e marginalizados em nossa sociedade encurralados pelo Estado ausente e ajudados pelo assistencialismo corrupto, onde sofrem violências por todos os lados.
Nos dias atuais, as organizações não governamentais através das instituições filantrópicas sem fins lucrativos, as ONGs, com o nome oficial de Terceiro Setor, são compostos por empresas que surgem e se proliferam devido à total ausência do Estado na área social em atividades assistenciais. As ONGs são vistas com bons olhos pela maioria das pessoas, pois, teoricamente, se tratam de instituições que se propõe a assumir papéis que deveriam ser exercidos pelo Estado e foram deixados de lado. Segundo dados apresentados no filme, esse setor é composto por mais de 20 mil entidades que movimentam nada menos do que U$ 100 milhões por ano, que empregam milhões de funcionários e voluntários.
Na verdade, esse mercado é fonte de muitos lucros, pois além de ajudarem as pessoas, movimentam a economia e ainda acham que diminuindo as desigualdades sociais.
No filme é escancarado como funciona esse enorme ramo empresarial, que vive de “faturar em cima da permanência da miséria” mostrando os bastidores das possíveis engrenagens da corrupção e falcatruas que existe nesse setor.
Setor esse que através da uma ideologia que o voluntariado é a solução para todos os males da humanidade constroem uma “indústria da miséria” ( que usam o dinheiro público e tendo com produto “gente”) muito lucrativa e extremamente útil à reprodução do poder político.
As pautas sociais são passam de verdadeiras feiras de negócios, disfarçadas em “festas solidárias” promovidas no intuito de homenagear os que se destacaram no setor e para promover as parcerias incentivando os empreendimentos comunitários convencendo que investir em causas sociais é bom para o próximo e para as empresas uma vez que essa “responsabilidade social”
Essas “festas sociais” são momentos onde os “ongueiros” e seus parceiros discutem como continuar com fartos fundos dos quais possam ajudar a cuidar e também como se beneficiar das Parcerias Público/Privada, o inflacionamento do valor das propinas pagas aos órgãos públicos e a lucratividade do setor. Também trocam informações com temas como: captação de recursos, comissões, livre iniciativa, distribuição de renda, marketing. Inclusive se aproveita para encontrar formas de se eliminar tudo que esteja ameaçando seus interesses. Enquanto os “pobres” acotovelam-se na disputa das migalhas que caem da mesa ou tornam-se “capatazes” deles.
O filme realmente é sarcástico ao mostrar como muita gente faz obras de caridade, o assistencialismo. Alguns fazem como forma de diminuir suas culpas, outras, como as damas da sociedade que tem consciência social e fazem para manterem entidades filantrópicas para lavagem de dinheiro e com resgate no imposto de renda. É uma forma tão sutil de promovem a tal “dieta na consciência” e se tornam pessoas de espírito elevado, que chega a ser hilariante.
Na vontade de lucrar existe uma verdadeira disputa entras as entre diferentes entidades, pelo combustível de um novo comércio de atacado, os miseráveis. Como se vê no filme na empresas, como a patrocinadora de projetos como “Informática na Periferia”, “Sorriso de Criança” e “Projeto Alegria” protege espaços e aperfeiçoam as estratégias para conseguir aprovação de projetos e doações ou tele doações.
Nas propagandas veiculadas na mídia já é ultrapassado mostrar crianças com a miséria estampada no rosto, a técnica para sensibilizar e chamar a atenção das empresas no social exige das empresas de propagandas um marketing evoluído vinculando a solidariedade ao êxito, a posturas positivas e otimistas. Garantindo aos que financiam a mercantilização da solidariedade e da compaixão o retorno, que é na realidade o que mais lhes preocupam. Por outro lado as associações se especializam no trabalho burocrático e na produção de tipos projetos adequado a exigência e a sensibilidade da possível ONG patrocinadora, ou seja, se estuda o perfil da ONG, uma vez que cada uma tem um público alvo e, portanto uma demanda diferente.
Criam situações que transformam a população mais carente em meras peças num jogo que envolve entidades desonestas, órgãos governamentais e empresas. Empresas essas que descobriram que é sempre possível lucrar com a miséria. Afinal empresas com responsabilidades sociais podem e se justifica cobrar mais pelo bem comum.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O nosso Brasil hoje tem muitas semelhanças com o Brasil do filme, o que nos ajuda a compreender as bases constitutivas de nosso Brasil atual, como também nosso passado escravista ainda permanente, embora com novas roupagens e novas formas. Além disso, também compreender a permanecia tão persistente das desigualdades econômicas, sociais e de direitos no país. Vemos como o povo continua vitimado pela total falta de perspectivas.
No roteiro do filme não existem desfechos com saídas para as situações, como se essas possibilidades assumissem uma ordem pré-determinada e imutável, em que todos parecem cumprir um papel social certo. Percebe-se que o filme assume uma posição excessivamente pessimista porque a tendência é sempre a metamorfose e uma adequação a novas formas de exploração, traduzindo que as mudanças são inalcançáveis e utópicas.
O filme termina sem soluções e sem propostas. Mas cumpriu o seu papel ao abordar fatos evidenciando as contradições humanas, que deve serem vistas com um olhar crítico, o que também não deixa de um belo convite à reflexão, para que cada possa contribuir para dar novos desfechos para a nossa História, pois a responsabilidade de uma sociedade brasileira descente e igual, onde a pessoas tenha sua dignidade respeitada é de cada um nós que fazemos parte dela.
A sociedade precisa refletir sobre como pensa, age, e tudo mais que tenha a ver como social. Afinal o que é e qual a finalidade da democracia? Será que o nosso Brasil precisa dessa população ativamente caridosa ou de políticas públicas eficientes ou de efetividade das leis? O Brasil precisa ser um país socialista para ser um país justo? A solução ou alternativa para os dilemas inerentes ao capitalismo são as ONGs? È preferível imaginar que o conflito ainda não está posto no cotidiano brasileiro??
Já que o filme pôs em cheque o caráter altruísta dessas Organizações, devemos considerar que é impossível negar que muitos são aqueles que realmente se utilizam das ONGs para obtenção de lucros, como também, utilizam para viabilizar benefícios particulares, corrupção, lavagem de dinheiro sujo, fazer desvios de verbas públicas, acobertar negócios escusos, obter altos lucros. Por outro lado, não se pode generalizar e achar que todas as ONGs são um poço de más intenções e hipocrisia. È inegável que dentre as milhares de organizações também existe gente e entidades honestas.
A vontade de lucrar em cima dos miseráveis continua até os dias de hoje, e vemos que cada um está preocupado apenas em se dar bem. Essas características não trazem nenhuma transformação, apenas agrava ainda mais a difícil situação e a falta de perspectivas dos “personagens pobres” que sequer pela eterna subserviência oferecem possibilidade de resistência e luta.
Outro ponto que é relevante considerar é a forma como foi abordado o seqüestro, que pode ser interpretado como uma forma de beneficiar os menos favorecidos e ludibriados pelas instituições assistenciais.
O assistencialismo assume novas formas e muito variáveis, como: cestas são substituídas por cartões magnéticos, computadores consubstanciam o fetiche da “inclusão” digital e social, assim vai emergindo o “terceiro setor” pronto para gerenciar e intermediar a assistência estatal aos pobres.
É notável a falência das instituições no país e a exploração da miséria pelo marketing social ( a solidariedade de fachada). A farsa ou pura maquinação que se volta contra o povo porque são economicamente rentáveis e geradoras de emprego e a manutenção desse exército de miseráveis ou a prisão é interessante no atual jogo "democrático" e de "participação" da sociedade civil em prol de demandas não atendidas pelo Estado. Conforme aparecem no filme, funcionando como empresa e objetivando o lucro, tendo como diferenciam o discurso típico incorporados, onde a responsabilidade social ou solidariedade são exaltadas e mobilizadas como marketing dessa nova indústria, que gerencia a miséria e os miseráveis.
O que é exposto no filme esta corroborado pela criação de uma CPI para investigar as ONGs, a qual teve sua criação impulsionada pelo caso da ONG: Sociedade dos Amigos de Plutão, denunciada por um jornalista, onde tal denúncia dizia que a entidade recebia verba do governo e o presidente da ONG era petista e amigo íntimo do presidente Lula. Além disso, a credibilidade de muitas delas está sendo debatido, em virtude da grande explosão de novas ONGs, que foi em torno 1180% desde 2002 e da maioria sobreviver com repasses de verbas da União, o que soma de 2001 a 2006 um valor estimados em 14 bilhões.
Por fim, o dinheiro que o Governo investe nas ONGs que trabalham com filantropia seria suficiente para ajudar milhares de famílias necessitadas. Os dados que são apresentados no filme são alarmantes, pois é relatada uma estimativa de que existam cerca de 14 a 22 mil entidades assistenciais, ONGs, que prestam assistência a menores carentes, com uma movimentação calculada em 100 milhões de dólares por ano. Cada criança carente corresponde nesse novo mercado a cada cinco novos empregos. Segundo os cálculos mostrados, se 10 mil crianças abandonadas fossem atendidas diretamente, seria 10 mil dólares por ano para cada uma. O que daria para comprar com esse mesmo dinheiro um apartamento básico para cada criança, a cada 2 anos e pagar escola particular até a faculdade.
4. REFERÊNCIAS
FILME: QUANTO VALE OU É POR QUILO? – Drama – Ano de Lançamento: 2005 – Brasil - Estúdio: Agravo Produções Cinematográficas S/C Ltda, Distribuição: Riofilme, Direção: Sérgio Bianchi; Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto, baseado no conto "Pai Contra Mãe", de Machado de Assis; Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira; Edição: Paulo Sacramento. Elenco: Ana Carbatti, Cláudia Mello, Herson Capri, Caco Ciocler, Ana Lúcia Torre, Sílvio Guindane, Myriam Pires, Lena Roque; Lázaro Ramos, Leona Cavalli, Umberto Magnani, Joana Fomm, Marcélia Cartaxo, Odelair Rodrigues, Ariclê Peres, Zezé Motta, Antônio Abujamra, Ênio Gonçalves, Calara Carvalho, Noemi Marinho, Caio Blat, José Rubens Chachá, Mílton Gonçalves (locução), Valéria Grillo (locução), Jorge Helal (locução).